Como base no trabalho do gerontologista Robert Atchley (1989) sobre “A teoria da continuidade”, um processo de aposentadoria bem planejado deve contemplar fases que vão desde a preparação para a aposentadoria até a manutenção de uma nova rotina. No entanto, uma grande quantidade de pessoas
vivencia um Desencantamento com a Aposentadoria.
O Desencantamento tem efeito devastador naqueles que se prendem a ele como em uma areia movediça. Ocorre depois que a pessoa já concretizou a aposentadoria e vivenciou a sensação de prazer e realização, características de uma “Lua de Mel”.
Até o ponto que antecede essa fase é tudo de bom. Frases como “Eu mereço” e “Trabalhei a vida
toda” são ditas para justificar o uso das reservas financeiras e do tempo livre, sem a preocupação de que uma nova rotina de vida deveria ter sido estabelecida desde o momento da concretização da aposentadoria.
O rompimento repentino e despreparado dos relacionamentos profissionais e até a falta do ambiente físico de trabalho, vivido durante anos, começam a pesar no dia do recém aposentado, o qual se vê
em um grande vazio e isolamento.
Nem todos as pessoas que se aposentam sem a devida preparação sofrem com estes rompimentos, contudo aqueles que percebem que estão vivendo sem saborear a nova caminhada começam a se questionar quanto ao prazer e a realização que estão tendo e proporcionando às pessoas que ama.
Esses novos pensamentos e sentimentos geram emoções de desânimo e com elas novos padrões de comportamentos que esbarram no inevitável envelhecimento e mortalidade. Este vazio antecipa a perda natural da vitalidade mental, emocional e física do ser humano.
Então na tentativa de saírem deste atoleiro de sensações que levam ao vazio, projetos antigos que nunca saíram do papel passam a ter grande importância e comprar aquelas coisas que sempre quiseram passam a ser prioritário. Assim, sutilmente são conduzidos mais uma vez a se livrarem da incerteza de não serem felizes.
Uma adaptação à nova realidade deve ser estimulada de forma a evitar a sensação de que não sabem o que fazer com o resto de seus dias. A essa adaptação damos o nome de Reorientação.
A Reorientação surge como a oportunidade de superar o descontentamento e tornar esse período da vida mais significativo. O aposentado passa a perceber a necessidade de novas atividades para ocupar o tempo e avançam quando constroem uma nova visão de futuro mais clara e alcançável. Ainda assim vão conviver um tempo com o medo de tomar decisões e de despertar uma identidade diferente da vivida durante anos de atividade profissional.
A mudança é possível, mas é necessário o discernimento de novos conceitos relacionados à esfera intrapessoal e um esforço conjunto de ações e entendimentos para se obter um resultado verdadeiro. Trabalhar a autoconsciência, a autogestão e autorregulação propiciará uma caminhada mais assertiva rumo aos novos desafios.
Com a superação das pendências anteriores e o despertar de novos valores e propósito de vida, uma nova identidade surge e com ela uma nova Rotina que considere o equilíbrio financeiro, os relacionamentos e a saúde deve ser estabelecida.
A nova rotina deve considerar não somente segurança e prazer, mas também uma dose de desafio livre de rigidez e limites, seja relacionado ao crescimento pessoal ou a alguma nova atividade profissional.
Um novo brilho interior crescerá com o tempo e o manterá cheio de vida e disposição.
O trabalho como Consultor de Carreira deve promover a criação e manutenção do ambiente ideal para que as pessoas e as empresas percebam-se diferentes, mesmo que esta diferença revele a necessidade de desenvolver novas competências.
Apoiar pessoas e empresas na percepção de sua trajetória autêntica e consistente é o grande desafio da KOIPEP CONSULTORIA e meu como Consultor de Carreiras e Desenvolvimento de Pessoas.
Francisco Monturil